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Tuesday, May 8, 2007

Agora deu-me para a poesia

Camões, grande Camões, cego mas não tolo sabiamente escreveu sobre uns belos passarões que tentam subir bem alto mas que não têm asas para se aguentarem. Assim ao mais leve sopro dão magnificos trambolhões. Aqui fica o poema, leiam e digam de vossa justiça, porque eu já lavei a minha alma

Perdigão perdeu a pena

Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha.
Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.
Quis voar a u~a alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.

Luís de Camões

3 comments:

Unknown said...
This comment has been removed by the author.
Unknown said...

Olá, no meio de tanta correria sabe bem apreciar a dedicação de alguém , que , embora não menos atarefada que eu, consegue encontrar uma forma diferente de " sair do fundo do poço" e arranjar energia para o dia seguinte. Beijos grandes e PARABÉNS`.
P.S. Vou frequentar mais vezes o teu blog, para me inspirar.

Kitty said...

O Blog é para isto mesmo – dizer alguns disparates, sem maldade nem piedade...

Sem grandes dissertações, num ímpeto breve, atrevi-me ( o nosso Luís que me perdoe) a “subverter” tão ditoso poema, enquadrando-o no actual paradigma que grassa por aí...


Escantilhão perdeu o norte.
Escantilhão perdeu a sorte.
Não há mal que lhe não venha.
Escantilhão que o pensamento
Tentando subir a um alto lugar,
Perde o norte, não consegue voar,
Repete a pena do lamento e do tormento.
Não tem no ar nem no vento, nem mesmo no assento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.
Quis voar a um alto lugar,
Mas achou-se desamparado;
E, vendo-se a definhar,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha, mas só para se queimar:
Não há mal que lhe não venha.
Venha o vento p’ra o levar e os deuses p’ra o perdoar...

Baseado no “Perdigão perdeu a pena” de
Luís Vaz de Camões

Post Scriptum - perdoem-me a métrica