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Tuesday, May 8, 2007

Agora deu-me para a poesia

Camões, grande Camões, cego mas não tolo sabiamente escreveu sobre uns belos passarões que tentam subir bem alto mas que não têm asas para se aguentarem. Assim ao mais leve sopro dão magnificos trambolhões. Aqui fica o poema, leiam e digam de vossa justiça, porque eu já lavei a minha alma

Perdigão perdeu a pena

Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha.
Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.
Quis voar a u~a alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.

Luís de Camões