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Wednesday, October 7, 2009

Fala quem sabe e eu subscrevo

Tudo o que "adquirimos" é-nos emprestado, um dia temos de devolver.
A alma, essa foi-nos dada, é nela que devemos "investir"porque é eterna
e também a fonte da felicidade.

O autor deste texto é João Pereira Coutinho, jornalista. Vale a pena ler!

Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê.
Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar.
Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército
de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se acriança fosse um potro de competição.

Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida, mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.

Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac.
É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.

Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!

1 comment:

Joao Rodrigues Ferreira said...

Concordo absolutamente. Vivemos presos numa sociedade, que nos tira a liberdade, assente em valores materiais. Onde está a liberdade? Onde estão as crianças a brincar em liberdade, no meio da rua com bolas de trapos, bonecas de pano, crianças felizes!!!
Agora as crianças são "fabricadas" para serem máquinas, para serem mais um número nas estatísticas do PIB, e para isto contribuem cegamente as pessoas que mais as amam: os pais.